O silêncio deve ser considerado, e julgado, em termos morais. Não nos é dado a escolher sermos felizes ou infelizes. Mas é preciso escolher não sermos diabolicamente infelizes. O silêncio pode atingir a forma de infelicidade fechada, monstruosa, diabólica; tornar murchos os dias da juventude, tornar amargo o pão. (…)
O silêncio deve ser considerado, e julgado, em termos morais. Porque o silêncio, como a acídia e como a luxúria, é um pecado.

—Natalia Ginzburg, As Pequenas Virtudes, Silêncio, Relógio D’Água 2021 (1972)