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Pro-ject VC-S2 Alu

Publicado em 10/01/2021

Não há nada que me dê gosto ter nesta máquina de limpar vinil. Em bom rigor, não é coisa para se ter à vista se existir o mínimo gosto estético. Como design é um caixote enorme, sem qualquer explicação para o seu tamanho que não seja um depósito que é tão grande que dispensa ser esvaziado, a menos que se limpem centenas e centenas de discos seguidos. Não é de alumínio, mas sim folheada a alumínio (daí o nome), as peças de metal de má qualidade e as de plástico como a escova, nem se fala. Moldes fracos, plástico fraco. Os interruptores, nem se entendem de tão grandes, abrutalhados e má qualidade. Custa cerca de 500,00€ o que notoriamente não vale, mas é um fenómeno transversal em praticamente tudo o que é Hi-Fi. Querendo uma de maior qualidade como a Clearaudio Smart Matrix Silent, paga-se três vezes mais, o que, como facilmente se adivinha, também não vale. E já que mencionei a palavra “silent”, silenciosa é que esta máquina não é. A função de aspiração faz lembrar o antigo aspirador Hoover “bate escova aspira”, é incompreensível. Um Dyson é que não é. A máquina é tão fraca que não se vê o logotipo Pro-ject em lado nenhum, uma má coincidência, certamente. A única indicação que não é um aparelho de marca branca vindo directamente da China, é uma etiqueta por baixo — sem desprimor, porque há na China material muito melhor que este, a todos os níveis. E mesmo assim, a versão menor, a VC-E, ganhou um prémio EISA 2020-2021. Se calhar o defeito é meu, o melhor é cada um ver por si.

Dito isto, esta máquina tem um predicado inegável: funciona surpreendentemente bem. Ainda só utilizei o líquido Pro-ject Wash It e os discos ficam bem limpos, sem pó, sem bolor, sem marcas, tocam melhor e mais silenciosamente. Consequentemente, uma má prensagem, toca pior como se os pops e plops ficassem com mais fidelidade. O efeito anti-estático da lavagem é duradouro, tenho discos lavados há mais de três meses que não apresentam qualquer sinal de estática. Agora todos os discos novos passam pela máquina antes de tocar a primeira vez e os antigos, vou lavando. Há apenas um defeito que é um resíduo branco que fica depositado na agulha na primeira passagem. Tudo somado, apesar de não ser um objecto que me encante, tem funcionado, cumpre a função, suponho que seja suficiente.

Actualização: O resíduo deixou de existir com o líquido Wash It comprado posteriormente. Esse efeito aconteceu com o que acompanhava a máquina.

Hana MH

Publicado em 27/11/2020

Hana MH

Outra célula extraordinária. Acabei por optar por esta, que é virtualmente idêntica à Hana ML. São as duas moving coil, mas a ML é de baixo ganho (L=Low) e a MH de alto ganho (H=High). A primeira não resultou para mim porque a amplificação cinco vezes maior (0,4mV base e 2mV base, respectivamente) exigida ao pré-amplificador phono, além de proporcionar um nível de detalhe que dizem ser de outro mundo, levanta toda a casta de ruído que no caso, acabou nos meus ouvidos.
Eu ouvi as duas, no meu ambiente (graças à simpatia habitual da Ultimate Audio), não são células modestas e muito menos tímidas, fazem as colunas tocar a sério. O silêncio da Hana MH é absoluto e isso para mim conta. Também demonstrou graves mais adequados à minha sala, em músicas muito específicas que escolhi para testar esse efeito — para mim é uma qualidade, mas poderá ser um defeito noutra combinação, no sentido que de facto a Hana ML consegue minar mais som do mesmo disco. Não sei. Ambas são mais um salto inacreditável na qualidade sonora que vou construindo (aqui relativamente à Hana EH), não sei quantas vezes mais irei ouvir os mesmos discos pela primeira vez, é assombroso. Toda a gente que escreve sobre estes assuntos considera habitualmente as células de baixo ganho como mais musicais, mais transparentes, mais detalhadas, numa palavra — melhores —, e sobre este par, mantêm o mesmo registo. E eu digo: Talvez.