Hoje em dia já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente

Artigos etiquetados “record store day

Record Store Day

Publicado em 18/04/2025

Este ano, nem dei por este dia e se é para gastar dinheiro, ao menos que seja com a consciência que é mais uma farsa comercial vinda dos Estados Unidos. O RSD inspirou-se no Free Comic Book Day criado em 2002, um dia em que de facto as livrarias dão comics e preparam uma série de eventos para tentar criar mais leitores. Em 2007, o Record Store Day terá começado cheio das boas intenções de um grupo de lojas de discos, mas rapidamente degenerou na farsa que é hoje.
Em vez de discos grátis, ou pelo menos mais baratos, temos discos caríssimos — que afastariam qualquer pessoa que se quisesse iniciar na audição de vinil. É mais do mesmo, com discos vulgares, em edição limitada, criando escassez falsa tão ao gosto dos especuladores. Mais que uma festa da música é uma festa da cor, com vinis com cores para todos os gostos — o que a esmagadora maioria das vezes é o único factor diferenciador de uma edição. Em vez de editoras independentes, temos as grandes editoras a enxamear as prateleiras. Vários dos “exclusivos”, passado menos de um ano já estão disponíveis em “edição normal” (lembro-me de um, Room 29 de Chilly Gonzales e Jarvis Cocker, em boa verdade, em edição melhor).
Este ano, posteriormente, comprei cinco discos e não tenho que dizer das edições, mas excepto o Jazz Dispensary, todos poderiam sair em qualquer altura. Mas até a Blue Note faz um disco colorido:

  • Vários — Blue Note: Alts’n Outs (muito bom)
  • Vários — Jazz Dispensary: Night Lights (sou colecionador desta série porque acho que vale a pena e os discos são super bonitos, este é particularmente bonito.
  • Air — Moon Safari Live & Demos (também muito bom)
  • Liam Gallagher — Acoustic Sessions
  • The Alan Parsons Project — I Robot “Work In Progress” (interessante)
  • Vince Guaraldi Trio — Jazz Impressions Of A Boy Named Charlie Brown (Alternate Takes)
  • The Doors Strange Days 1967 – A Work In Progress (esta caixa The Doors foi a melhor coisa que comprei no RSD)

O que dirá o Oráculo (ChatGPT)?

Many people in the music community share that exact critique of Record Store Day. Unlike Free Comic Book Day, which aims to attract new readers by giving away content, RSD often feels like it’s aimed at collectors already in the know, with:
Overpriced “limited” releases
Artificial scarcity (pressing 500 copies worldwide)
Flippers reselling at insane markups
Major labels crowding out indie labels
So yes, instead of nurturing a new audience, it frequently exploits existing collectors — and many independent stores have grown critical or even stopped participating.

Pois, eu também acho.

Record Store Day no Black Friday

Publicado em 27/11/2021

Comprei 17 discos, uma caixa do Nick Cave & The Bad Seeds com mais sete (B-Sides and Rarities) e ainda cinco CDs — prefiro vinil de longe, mas em bom rigor sou agnóstico a esse respeito. Não ter ainda leitor de CD à altura do gira-discos (Technics SL-1000R) é uma severa desvantagem, mas o preço, francamente, a 4,00€ cada um, estamos em muitos casos a falar de 10 CDs pelo preço de um vinil, é escandaloso.
E as fábricas de vinil pura e simplesmente não conseguem dar conta da procura. O Record Store Day desta Sexta-feira foi em grande parte um fiasco porque vários discos não chegaram a tempo. A caixa que comprei na Vinyl Me Please estava prevista para este mês, mas agora diz no site Fevereiro de 2022. Como ainda vai para a Holanda para casa de um amigo, só a tenho sei lá quando — está paga há meses.
O Record Store Day é um dia que começo francamente a desprezar. Dizem que é baseado no Free Comic Book Day, que como o nome indica é um dia em que há comics oferecidos nas livrarias especializadas, para cativar os que ainda não são leitores. No caso dos discos é um dia para vender discos mais caros aos mesmos de sempre. No fim, o que me interessa é saber se há títulos que valham a pena e habitualmente há alguns — hoje apenas consegui o Leonard Cohen — Songs of Love and Hate em vinil branco e a um preço decente, ficou por 18,40€ depois de um desconto.
Os da Blue Note Classic Series ouço dizer que estão ao nível dos Tone Poets menos a capa gatefold, se assim for estou expectante. Do Neil Young espero som ao nível de referência para discos gravados ao vivo, é um artista que desde sempre se preocupou com a qualidade de gravação e reprodução. O John Coltrane também me consta que está extraordinário. De resto, na minha opinião, há aqui uma série de discos bem interessantes, que deverão proporcionar muitas horas de melomania (no bom sentido!).
O Black Friday é um dia (ou deverei dizer mês) que mais do que desprezar, abomino completamente. É uma vergonha sem explicação que só podia vir de um país em profundo declínio. Cá temos os chico-espertos como a Fnac com os seus “descontos até 60%”, sendo o “até” a palavra-chave. Concorrência leal e ética não é, mas nem percebo como é legal estas contínuas habilidades. O povo gosta deste progresso da nossa terra, vi filas à porta das entradas dos centros comerciais.
Dito isto, passei na Tubitek e aproveitei o desconto extra que me ofereceram e realmente comprei um monte de discos. Já ouvi Yann Tiersen (muito interessante este disco) e agora estou a ouvir Grizzly Bear — Shields, que por 4,00€ (o preço normal, uns meros 5,00€) são um achado.

  • Art Blakey & the Jazz Messengers — The Big Beat
  • BadBadNotGood — Talk Memory
  • Bobbi Humphrey — Fancy Dancer
  • Bombino — Azel
  • Bombino — Deran
  • Bombino — Live In Amsterdam
  • Bon Iver — Blood Bank
  • Donald Byrd — Places and Spaces
  • Grizzly Bear — Shields CD
  • High Pulp — Mutual Attraction Vol. 1
  • Horace Silver — 6 Pieces of Silver
  • John Coltrane — A Love Supreme Live In Seattle
  • Khruangbin — Mordechai Remixes
  • LCD Soundsystem — 45:33 Remixes CD
  • Leonard Cohen — Songs of Love and Hate
  • Lhasa de Sela — Live In Reykjavik CD
  • M83 — Digital Shades Vol. 1 CD
  • Neil Young — Carnegie Hall 1970
  • Nick Cave & The Bad Seeds — B Sides and Rarities
  • Radiohead — Kid A Mnesia
  • Ryo Fukui — My Favorite Tune
  • Still Corners — The Last Exit
  • Yann Tiersen — Dust Lane CD

E acrescento outras aquisições de Novembro…

  • Aphex Twin — Selected Ambient Works 85-92
  • Erykah Badu — Baduizm
  • Mdou Moctar — Afrique Victime
  • Tinariwen — Tassili CD
  • Toumani Diabaté and London Symphony Orchestra — Korolén
  • Trio Da Kali & Kronos Quartet — Ladilikan

PS: O Neil Young — Carnegie Hall 1970 é incrível, comecei a ouvir sem o limpar e é simplesmente fantasmagórico. Recuei no tempo, estou no concerto.