É devido à nossa solidão que nos abrimos ao Outro e consentimos que o Outro se abra a nós. É devido à nossa solidão (que é somente negada, mas não vencida, pelo tumulto do existir-com) que nos tornamos sujeitos morais. É só concedendo à coexistência as suas possibilidades, que só o futuro poderá revelar, que mantemos a ocasião, no presente, de agirmos moralmente, e por vezes até mesmo de fazermos o bem.

—Zygmunt Bauman, A Vida Fragmentada, Relógio D’Água, 2007