Don't Try

São as palavras inscritas na lápide de Charles Bukowski (1920-1994), o que para alguém que só obteve algum sucesso depois dos 50 anos e depois muito tentar, parece amargo e contraditório. Amargura tinha ele de sobra, pode haver outras interpretações, até a do master Yoda — Do. Or do not. There is no try (The Empire Strikes Back).
Mas não, o que provavelmente Bukowski quer dizer é que devemos fazer aquilo que nos sai naturalmente, aquilo de que gostamos, que sempre esteve lá, à frente dos nossos olhos. Provavelmente refere-se a ser escritor, mas aplica-se a tudo. Numa carta para William Packard, editor, amigo e colega poeta, Bukowski diz:

(…)
We work to hard. We try to hard.
Don’t try. Don’t work. It’s there. It’s looking right at us, aching to kick out the closed womb.
There’s been to much direction. It’s all free, we needn’t be told.
(…)

A minha versão é que não me acredito no esforço. O que também tem sido sujeito às mais variadas interpretações, porque não faço nada sem esforço, ou nada que valha a pena se faz sem esforço. No que eu não me acredito é no esforço para ser ou estar. Para gostar de alguém. Ou criar alguma coisa.