
Cubro a cara com as mãos. Tudo o que estava a ouvir me dava vontade de cobrir a cara com as mãos e com razão. Por todas as notas e sons que nunca ouvi durante estes anos todos.
Cubro a cara com as mãos. Tudo o que estava a ouvir me dava vontade de cobrir a cara com as mãos e com razão. Por todas as notas e sons que nunca ouvi durante estes anos todos.
Com o filtro de corrente Nuprime Pure AC-4 a qualidade do som deu um salto impossível, estava curioso para saber se ainda melhorava com o regenerador de corrente Torus Power RM 16 CE — emprestado pela Ultimate Audio —, uma máquina bastante mais substancial. Enorme mesmo, com 54Kg, apesar de boa construção, uma caixa preta sem qualquer característica especial e apenas um grande interruptor azul no painel frontal. Nem uma informação sobre o que se está a passar, ao contrário do Nuprime com os seus números excessivamente luminosos.
A tocar em comparação directa com o Pure AC-4 ligado com um cabo Oyaide Tunami GPX-Re, bate-o sem apelo nem agravo. Lá se foi o salto impossível! Como é possível algo que só manipula a corrente de entrada, ter este efeito tão profundo no som? Não percebo. Explicações científicas são esparsas, na alta fidelidade o esoterismo ainda é o que era. Mas mais uma vez, mais de tudo, logo a começar pela definição e detalhe, seguida de ar em volta dos intérpretes. Palco profundo, uma presença inacreditável das vozes e se já havia silêncio, há mais. Se já havia solidez, agora é maciça. E há mais sons, alguns subtis, outros não. O detalhe agora é tanto que nem se pode dizer apenas que toca tudo melhor, a diferença é entre lá estar ou simplesmente não estar e nunca sequer ter existido para mim. É de ficar pasmado.
Coloco o “Love Letter for Fire” (vinil) de Sam Beam e Jesca Hoop e é um exemplo acabado do que acabei de escrever: De onde saíram todos estes sons? É outro disco. Cigarettes After Sex homónimo (vinil), o primeiro álbum, com tanto de calmo como de problemático nos graves — agora sem qualquer problema e com os graves controlados, sobressai a música e o timbre peculiar da voz… é outro disco. O RM 16 CE é uma discografia toda nova. Com “The Last Resort” (vinil) de Trentemøller, as notas electrónicas percorrem o palco como meninos rabinos, com “Obverse” (vinil) também de Trentemøller as vozes de Rachel Goswell (Slowdive) ou Jenny Lee (Warpaint) surgem-me à frente como nunca aconteceu. Ao ouvir o CD “Matané Malit” de Elina Duni Quartet, quase que dá para entender aquelas doces palavras albanesas.
Eu até preferia que o Nuprime Pure AC-4 conseguisse andar próximo. Eu até preferia viver sem este caixote gigante que ficou curto em alguma beleza, mas já não consigo. Voltar a ligar tudo à parede tornou-se verdadeiramente impensável.
Teste em casa do filtro de corrente Pure AC-4 da Nuprime (Ultimate Audio). Diz que “improves your audio system sound stage and resolution. You can hear more details and harmonics in your music.” Quero ouvir isso!
Como o sistema estava todo ligado ao filtro, resolvemos primeiro ouvir oito músicas com e posteriormente, as mesmas oito, sem. E foi assim:
Retiramos o filtro e recomeçamos pelo disco 101 de Keren Ann, um pop arranjadinho. Meu Deus, o meu cepticismo tem sido triturado naquilo que agora posso considerar uma base regular. Eu já tinha dito ao amigo que me acompanha no hobby, que tinha mais palco em todas as direcções, que os intérpretes estavam com o seu lugar mais definido, que a música era mais clara. Mas aqui sozinho, até duvido do que ouço.
Mas os dois não tivemos qualquer dúvida: “improves your audio system sound stage and resolution. You can hear more details and harmonics in your music.” Exactamente. E foi de tal forma, que já nem ouvimos mais nada sem o Pure AC-4. Para quê, perder tempo? Ouvimos outras coisas que por aqui andam e apreciamos a música até às duas da manhã.
O filme “L’Amant d’Un Jour” de Philippe Garrel numa televisão Philips 65PUS6754/12 com ambilight.
Quando se vê um filme a preto e branco, o ajuste de cor na televisão deve ir para o zero, para eliminar alguma tonalidade que prevaleça, designadamente os brancos serem algo amarelados.
A festa ia ser uma e acabou por ser outra. De afinações finais no gira-discos e pré-amplificador de phono de um amigo, acabou por ser teste de cabos. E sou um céptico dos cabos e da quantidade absurda de dinheiro que alguns custam.
Os pré-existentes eram uns Kimber 8TC com 20 anos. Substituídos pelos Tellurium Q Black II de metade do preço, a diferença tem contornos de escândalo. Só ouvido, mas é como se fosse outra aparelhagem.
Ligados os Tellurium Q Ultra Black II a custar o dobro dos Kimber (ou seja o quádruplo dos Black II) e o som deu outro salto inacreditável. Mais presença, mais palco, mais definição, mais recorte, mais extensão de agudos e menos sibilância, mais controlo de graves. É outra aparelhagem e relativamente aos Kimber, nem vale a pena dizer nada porque seria desgraçar uma marca prestigiada e há a desculpa de serem cabos com 20 anos — não por essa razão, mas porque os 8TC de hoje serão diferentes. Moral da história: no áudio, só ouvindo se podem tomar boas decisões relativamente ao equipamento e acessórios. Há muito de subjectivo, cada um ouve com os seus ouvidos, mas o que se passou com os Tellurium Q, não tem nada de subjectivo.
Vou testar os Tellurium Q Black II em substituição de uns Kimber Monocle XL, talvez dez vezes mais caros. Espero não ter mais uma desilusão para a vida inteira. PS: Não tive, o som dos Kimber nem se pode comparar, aplica-se tudo o que disse acima para os Tellurium Q Ultra Black II.
Dr. Feickert Volare.