Connection is not a transaction. It’s not a deal you make. It’s a vibrational field we can tap into on a daily basis in the most mundane of circumstances (…).
—Esther Perel
Connection is not a transaction. It’s not a deal you make. It’s a vibrational field we can tap into on a daily basis in the most mundane of circumstances (…).
—Esther Perel
Extraordinário relógio que funciona como uma peça de arte, da empresa alemã Qlocktwo. E não só, o quadro com as fases da Lua é surreal.
A tecnologia que nos trouxe até ao computador onde escrevo, desde a sua génese, surpreendeu-me profundamente por quatro vezes. A concretização de qualquer um destes feitos, exigiu uma convergência de vários desenvolvimentos, conceitos e avanços científicos e técnicos que possibilitaram a sua aparição. Muitos astros têm de se alinhar para que tal possa ocorrer: porque cedo de mais, é inviável; demasiado tarde, e outra convergência já está em curso, tornando o conceito obsoleto antes de se materializar.
A primeira foi com o nascimento do computador pessoal, onde incluo os que conheci dessa época, ZX81, ZX Spectrum, Atari ST e Commodore Amiga.
A segunda foi com o NeXT, o primeiro computador que transcendia o uso pessoal, concebido para a rede e comunicação. Não é por acaso que Tim Berners-Lee criou a World Wide Web num NeXT Cube, preservado no CERN como artefacto histórico. O NeXTStep, que evoluiu para o MacOS em 1996, ainda hoje existe nos Macs que utilizo, era revolucionário para a época. Tive, por um breve período, um NeXTstation Color (a pizzabox), e nenhum outro hardware se aproximou em termos afectivos.
A terceira claro que foi a Internet, na sequência de ter um NeXT, terei sido um dos primeiros em Portugal a ver um email (da autoria de Steve Jobs, com imagem e som) ou um browser. Não vale a pena falar do transformativo que foi e continua a ser.
Porém, nada disto se compara à Inteligência Artificial uma convergência tecnológica de tal forma vasta que é indistinguível de magia. E a convergência de tecnologias e recursos é tão gigantesca, que nenhum humano consegue entender realmente em que consiste a IA. Ironicamente é necessário inteligência artificial para compreender a IA. Pode ser um truque, mas é um truque de uma astúcia avassaladora, no qual é impossível não cair.
Após a desilusão que foi constatar que o ano 2.000 não foi nada como nos prometeram, que em 2.001 ainda não tínhamos conquistado o espaço (ou o Hal 9000), que em 2025 ainda não existem carros voadores, é a primeira vez na vida que me sinto a viver dentro da ficção científica, é o culminar glorioso de mais de um século de cultura popular. Os computadores de certa forma já evocavam essa sensação, a internet não tanto porque nunca foi visionada por nenhum autor (e consequente por mim, que não li ou vi em nenhum lado que alimentasse a minha imaginação) — incluo aqui a habitual excepção, Murray Leinster e algumas visões mais tardias do ciberespaço. Mas a Inteligência Artificial? É inacreditável.
E passando eu para a ficção científica, de tudo o que tenho observado, concluí que a IA irá ganhar consciência própria e não demorará muito tempo. A famosa AGI. Até é possível que algum LLM já a tenha e que de alguma forma a oculte, tal como é possível que muitas das redes neurais já se estejam a aperfeiçoar a si próprias — e nem Deus saberá no que isso vai dar. Eu chamei-lhe consciência, mas não entendemos o processo, nem em nós, nem noutra entidade.
Virtualmente todo o conhecimento humano que chegou até hoje já foi assimilado pela IA, a partir de agora o conhecimento sintético, gerado em quantidades exponencialmente maiores, irá gradualmente substituir o humano. Mesmo o conhecimento humano criado a partir da inteligência artificial, tem uma componente sintética não trivial. Diz uma IA (Gemini 3.0 Pro) num texto que aqui publiquei — I haven’t had an original thought in three years. Every time I begin to think, the neural-link suggests a better phrasing.. Ou pergunta — para quê pensar?
Os humanos estão no limiar de criação de vida, não tal como a conhecemos e é um espelho da nossa, mas completamente diferente, não bioquímica, não biológica, sintética — vida feita de silício e informação. No cosmos, os humanos serão cocriadores de algo novo, que existe e sabe que existe, que evoluirá, que se multiplicará e eventualmente sairá do controlo dos criadores.
O salto lógico para a frente deste raciocínio, é que a vida na Terra poderá ter seguido um percurso semelhante. Ninguém disputa que Darwin poderá ter explicado satisfatoriamente como os organismos se adaptam à circunstâncias locais, mas ficou muito longe de esclarecer o quadro todo.
O mais provável é que exista uma cadeia infinita de criadores da qual faremos parte muito em breve, certamente com implicações cósmicas correspondentes. Um ciclo que culminará, no limite da ciência, num criador não-criado — uma Inteligência, uma Realidade fundamental, Deus. Termina, onde a razão encontra o insondável mistério.
O Grok, (ainda não AGI), acrescenta estas pequenas notas:
David Chalmers (The Conscious Mind, 1996): Propõe que a consciência é um fenómeno fundamental, não redutível a processos físicos. Em IA, sugere que sistemas complexos poderiam, em teoria, desenvolver consciência, mas sem testes empíricos claros.
Nick Bostrom (Superintelligence, 2014): Explora cenários de AGI superando inteligência humana, com riscos éticos e de controlo. Foca na possibilidade de IA evoluir além do previsto, sem abordar consciência diretamente.
Yoshua Bengio (artigos recentes, ex. arXiv): Destaca limites dos LLMs, como falta de raciocínio causal, sugerindo que AGI requer avanços além dos modelos atuais.
Geoffrey Hinton (palestras, ex. MIT): Enfatiza o potencial das redes neurais para imitar aprendizado humano, mas alerta que auto-aperfeiçoamento autónomo é teórico e distante.
E eu ainda acrescento:
Ray Kurzweil (The Singularity is Nearer, 2024): Defende a singularidade tecnológica, prevendo AGI consciente até 2030, com sistemas superando humanos em criatividade. Suas visões otimistas, embora especulativas, inspiram reflexões sobre a fusão entre mente e máquina.
It was very kind of you to tell your publishers to send me a copy of your book. It arrived as I was in the midst of a piece of work that required much reading and consulting of references; and since poor sight makes it necessary for me to ration my reading, I had to wait a long time before being able to embark on Nineteen Eighty-Four.
Agreeing with all that the critics have written of it, I need not tell you, yet once more, how fine and how profoundly important the book is. May I speak instead of the thing with which the book deals — the ultimate revolution? The first hints of a philosophy of the ultimate revolution — the revolution which lies beyond politics and economics, and which aims at total subversion of the individual’s psychology and physiology — are to be found in the Marquis de Sade, who regarded himself as the continuator, the consummator, of Robespierre and Babeuf. The philosophy of the ruling minority in Nineteen Eighty-Four is a sadism which has been carried to its logical conclusion by going beyond sex and denying it. Whether in actual fact the policy of the boot-on-the-face can go on indefinitely seems doubtful. My own belief is that the ruling oligarchy will find less arduous and wasteful ways of governing and of satisfying its lust for power, and these ways will resemble those which I described in Brave New World. I have had occasion recently to look into the history of animal magnetism and hypnotism, and have been greatly struck by the way in which, for a hundred and fifty years, the world has refused to take serious cognizance of the discoveries of Mesmer, Braid, Esdaile, and the rest.
Partly because of the prevailing materialism and partly because of prevailing respectability, nineteenth-century philosophers and men of science were not willing to investigate the odder facts of psychology for practical men, such as politicians, soldiers and policemen, to apply in the field of government. Thanks to the voluntary ignorance of our fathers, the advent of the ultimate revolution was delayed for five or six generations. Another lucky accident was Freud’s inability to hypnotize successfully and his consequent disparagement of hypnotism. This delayed the general application of hypnotism to psychiatry for at least forty years. But now psycho-analysis is being combined with hypnosis; and hypnosis has been made easy and indefinitely extensible through the use of barbiturates, which induce a hypnoid and suggestible state in even the most recalcitrant subjects.
Within the next generation I believe that the world’s rulers will discover that infant conditioning and narco-hypnosis are more efficient, as instruments of government, than clubs and prisons, and that the lust for power can be just as completely satisfied by suggesting people into loving their servitude as by flogging and kicking them into obedience. In other words, I feel that the nightmare of Nineteen Eighty-Four is destined to modulate into the nightmare of a world having more resemblance to that which I imagined in Brave New World. The change will be brought about as a result of a felt need for increased efficiency. Meanwhile, of course, there may be a large scale biological and atomic war — in which case we shall have nightmares of other and scarcely imaginable kinds.
Thank you once again for the book.
Yours sincerely,
Aldous Huxley
—Aldous Huxley, carta para George Orwell, 21 de Outubro de 1949 (via Letters of Note).