Hoje em dia já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente

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Cinema em Julho

Publicado em 31/07/2022

Este mês parece dedicado a Éric Rhomer e foi suficientemente interessante. Tudo começou com “A Pior Pessoa do Mundo” de Joachim Trier, que cita “O Raio Verde” (que também vi em Março) como uma das influências. Também aproveitei para completar a filmografia de Mia Hansen-Løve e não é coincidência também referir “O Raio Verde” como uma das suas grandes influências.

Le genou de Claire (1970) (48)

Em português “O Joelho de Claire”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆

Conte d’été (1996) (49)

Gostei imenso deste filme, talvez mais até por ser Verão, de tal forma que vou ver os outras contos na estação do ano respectiva. Amanda Langlet é muito expressiva e magnífica. Em português “Conto de Verão”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Pauline à la plage (1983) (50)

Os actores e principalmente actrizes dos filmes de Éric Rhomer, não parecem verdadeiros actores, parecem pessoas normais, mas invariavelmente com interesse. Verificando na IMDB, muitos nem fotografia têm e em poucos filmes participaram. Amanda Langlet, aqui muito mais nova, mas já muito expressiva, terá participado numa dezena de filmes e pouco mais. Talvez tenha feito carreira no teatro. Em português “Pauline na Praia”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆

L’amour, l’après-midi (1972) (51)

Parece que Éric Rhomer tentou provar com a sua obra, uma “tese” que eu próprio já imaginei — que há uma dúzia de vidas a serem vividas, se tanto, e repetidas vezes sem conta através dos tempos e que aquilo que muitas vezes nos parece único, é na verdade de uma banalidade assustadora. Os filmes absorvem-nos nessa banalidade, vêmo-nos ali. São filmes inegavelmente interessantes e reflectores. Em português “O Amor às Três da Tarde”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

L’ami de mon amie (1987) (52)

Parte da série de ditos e provérbios, o deste é “anigo do meu amigo, meu amigo é”, o que evidentemente está longe de ser verdade. Em português “O Amigo da Minha Amiga”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆

Les nuits de la pleine lune (1984) (53)

O provérbio apresentado é “quem tem duas mulheres perde a alma, quem tem duas casas perde a cabeça”, não é assim que o conheço — quem perde a alma é quem tem duas casas. É a história de uma mulher que quer uma relação estável nos subúrbios, sem deixar de ter o seu apartamento em Paris, as suas saídas e as suas festas. Parece que não corre lá muito bem porque quando se coloca em causa o que está socialmente aceite e por vezes demorou milhares de anos até apresentar a forma que conhecemos, é necessário ter cuidado e saber-se muito bem que jogo se vai jogar. Um ditado melhor para este filme até seria “quer Sol na eira e chuva no nabal”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆

Le beau mariage (1982) (54)

Em português “O Bom Casamento”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ½

Figli (2020) (55)

Em português “Manual de Sobrevivência Para Pais”. Realizado por Giuseppe Bonito.
☆ ☆

Tout est pardonné (2007) (56)

A primeira longa metragem de Mia Hansen-Løve e já com aquele ritmo que me faz gostar imenso.
☆ ☆ ☆ ☆

Le père de mes enfants (2009) (57)

Esta é a segunda longa metragem de Mia Hansen-Løve e assim, já vi todas. E não sendo um mau filme, gostei menos do que o costume. No anterior, achei que tudo o que gosto nos filmes dela já estava em movimento, neste nem tanto.
☆ ☆ ☆ ½

Les rendez-vous de Paris (1995) (58)

Funciona quase como um guia turistico (interessante) de Paris, principalmente o segundo conto. Em português “Os Encontros de Paris”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ☆

Blue Valentine (2010) (59)

As expectativas devem ter funcionado contra mim, porque julguei mesmo que ia gostar mais. Ryan Gosling e Michelle Williams estão incríveis, mas é pouco. Há sequências óptimas, mas também é pouco. Não vi nada que sobressaísse realmente de tudo que já vi anteriormente e como é sabido, raramente gosto de flashbacks, que considero uma fraca solução para se contar uma história — que era exactamente necessário saber? Que aquele casal destroçado esteve em tempos (não há muito tempo) muito apaixonado?
Com todos os defeitos, quando ela desiste do aborto é ele que está lá para abraçar e estaria de qualquer forma. O facto é que ele casa com ela e é um pai a valer para uma filha que sabe que provavelmente nem é dele. É ele que tenta introduzir alguma alegria no casamento. É ele que de forma desastrada marca uma noite num motel, no “quarto do futuro”, já quando não há qualquer futuro. Por essa altura começava a beber às oito da manhã e ela tinha desistido há muito. Em português “Blue Valentine – Só Tu e Eu” (e o autor do título!). Realizado por Derek Cianfrance.
☆ ☆ ☆

Ghahreman (2021) (60)

Os telemóveis, as mensagens, os vídeos, as “redes sociais”, todo esse mundo que está a destruir o mundo e a semear, em alguns casos já a cultivar, todas as sementes para um futuro miserável. As mentiras, as meias-verdades piores que as mentiras, a permanente desconfiança do próximo… Que filme assombroso, do início ao fim. Em português “Um Herói”. Realizado por Asghar Farhadi.
☆ ☆ ☆ ☆ ☆

A Bridge Too Far (1977) (61)

Não há nada como um filme de guerra para animar as hostes, mas não animou muito, é bastante fraco, até pateta por vezes… Mas resolvi rever. Em português “Uma Ponte Longe Demais”. Realizado por Richard Attenborough.
☆ ☆ ☆

La Collectionneuse (1967) (62)

Em português “A Coleccionadora”. Realizado por Éric Rhomer.
☆ ☆ ☆ ½

Mensagem Praticamente Secreta

Publicado em 21/07/2022

Blue Valentine

Blue Valentine (2010) de Derek Cianfrance.

Angus & Julia Stone também tenho esse, mas é outro. É uma caixa com um laço chamada “For You” com três CDs, por 19,00€ se me lembro.
Bon Iver é como o chapéu de Sevilha, conta é a intenção. Ou não conta nada. É igual. Eu também me vou lembrar sempre. Não interessa. Que é a memória senão um mapa para o futuro? Ninguém vai querer percorrer o mesmo caminho, este não de certeza. Também há quem não tenha o menor interesse em geografia e em bom rigor, não tenha emenda, por muitos mapas que elabore com toda a casta de “vivências”, acaba sempre no mesmo caminho de onde, de facto, nunca terá saído.
Exagerada? Que ideia!… Tempo perdido já me encanita. Até poderia concordar, mas suspeito que como em tudo o resto, não. Há quem ande em busca do tempo perdido que ao contrário de “outros tempos”, podia ter estimado e celebrado. E investido. Perdido por isso? Perdido por cem, perdido por mil. Futuro no fim? Foi anos depois. Muito antes alguém decidiu e fez, com um fim que não o meu. Fins há muitos. Quem procura banal, não reconheceria o ímpar, nem em dias pares. Os grandes amigos são para as ocasiões. E só não faltam ocasiões. Eu? Todos os dias espero pela morte, como os outros. Tenho a sorte de ter inteligência suficiente para o saber. Alguns animais são mais felizes e assim vivem. Outros, nem tanto.
“Algumas coisas são ficção. Foi tudo na minha cabeça. Agora vou ouvir Sunda Arc e depois Sun Ra”.