Hoje em dia já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente

Artigos da categoria “Livros e Poesia

Piedade

Publicado em 28/09/2021

Sendo assim, porque razão havia ela de querer o despertar às oito e meia?
— Porque é que havia o marido de o querer? Porque é que qualquer pessoa havia de o querer? É quase hora do almoço. Deus tenha piedade do funcionalismo público!

—John La Carré, Chamada Para o Morto, D. Quixote, 2021 (1961)

Philip Roth

Publicado em 28/09/2021

Philip Roth

Philip Roth, que faleceu em 2018 com 85 anos, é o único autor que me lembro de querer ler tudo o que escreveu. Romance, já li quase tudo e alguns quero reler em inglês, é uma pena o tempo ser sempre pouco.
Falta-me comprar:

  • Letting Go
  • Our Gang
  • The Breast
  • The Great American Novel
  • My Life As a Man
  • Zuckerman Unbound
  • The Prague Orgy
  • The Counterlife

Os que menos gostei foram “Goodbye, Columbus” e “Casei Com Um Comunista”. Os que mais gostei… praticamente tudo o resto — dos que tenho, falta-me ler “Operação Shylock” (comecei agora), “Pastoral Americana” e “A Conspiração Contra a América”. Na fotografia estão por ordem cronológica.

Entretanto, a meio de “Operação Shylock”, já sei que se vai juntar aos que menos gostei. A ideia parecia interessante, alguém anda a fazer-se passar por Philip Roth, mas francamente, não chegou muito longe. E, se na obra toda nos podemos queixar de excesso de judaísmo, neste livro é um exagero que ameaça ser insuportável. Revela-se de pouco interesse para os goyim esta “operação shylock”.

A Morning Offering

Publicado em 28/09/2021

I bless the night that nourished my heart
To set the ghosts of longing free
Into the flow and figure of dream
That went to harvest from the dark
Bread for the hunger no one sees.

All that is eternal in me
Welcomes the wonder of this day,
The field of brightness it creates
Offering time for each thing
To arise and illuminate.

I place on the altar of dawn:
The quiet loyalty of breath,
The tent of thought where I shelter,
Waves of desire I am shore to
And all beauty drawn to the eye.

May my mind come alive today
To the invisible geography
That invites me to new frontiers,
To break the dead shell of yesterdays,
To risk being disturbed and changed.

May I have the courage today
To live the life that I would love,
To postpone my dream no longer
But do at last what I came here for
And waste my heart on fear no more.

—John O’Donohue, To Bless the Space Between Us: A Book of Blessings, Doubleday, 2008

Nunca

Publicado em 27/09/2021

Isto é uma aberração ou é normal? Os livros dizem: ela fez isto porque. A vida diz: ela fez isto. É nos livros que as coisas nos são explicadas, na vida não são. Não me surpreende que algumas pessoas prefiram os livros. Os livros dão um sentido à vida. O único problema é que as vidas a que eles dão sentido são as vidas dos outros, nunca é nossa.

—Julian Barnes, O Papagaio de Flaubert, Quetzal, 2019 (1984)

Pescoço

Publicado em 24/09/2021

Mas alguma vez teria passado de um projecto de um projecto? “Vou pôr-te nas minhas memórias” é um dos lugares comuns mais fáceis do namoro literário. Pode juntar-se a “Vou pôr-te num filme”, “Podia imortalizar-te num quadro”, “Vejo o teu pescoço em mármore”, etc, etc.

—Julian Barnes, O Papagaio de Flaubert, Quetzal, 2019 (1984)