Depois do salto (clicar na imagem).
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John le Carré, que faz uma breve aparição no quarto episódio, queria que Stanley Kubrick adaptasse o seu livro homónimo para o cinema. De uma carta de Kubrick para Carré em 1992 (Twitter):
Unhappily, the problem is still pretty much as I fumbled and bumbled it out to you on the phone yesterday. Essentially: how do you tell a story it took the author 165,000 (my guess) good and necessary words to tell, with 12,000 words (about the number of words you get to say in a two hour movie, based on 150wpm speaking rate, less 30% silence and action) without flattening everybody into gingerbread men?
Esta série criada por David Farr, faz justiça ao livro em cerca de seis horas.
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Talvez influenciado pelo livro “Defesa de John Brown” de Henry David Thoreau, resolvi ver esta série à espera de algo vagamente histórico. Mas não, é tudo uma farsa em tom de farsa. Criado por Ethan Hawke.
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Criado por Alec Berg e Bill Hader.
☆ ☆ ☆ ☆ ½
Passada a surpresa inicial, é uma sucessão de episódios cada vez mais idiotas. Criado por Alec Berg e Bill Hader.
☆ ☆ ☆ ½
Uma mulher morre e regressa ao ponto de partida (onde já terei visto isso?) — uma casa de banho sobre a qual a dona da casa pergunta se é “suficientemente vaginal” e seja lá o que isso for, é uma amostra das aprofundadas conversas a que se assiste no meio artsy fartsy feminista onde decorre a coisa. Não morre apenas uma vez e regressa, a série é toda assim, infelizmente a criatura faz parte daquele mundo que realmente podia morrer e regressar 1.600.000 vezes que não aprenderia nada. E eu também não aprendi. Criado por Leslye Headland, Natasha Lyonne e Amy Poehler.
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Dizia Einstein que o passado, presente e futuro não passam de uma ilusão persistente. Esta série faz uso desse conceito de forma brilhante, avançando e recuando décadas sem nunca perder o ritmo. Criado por Nic Pizzolatto.
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É uma mini-série de apenas seis episódios realizados por Susanne Bier. As séries (e o cinema), com a tecnologia à disposição têm-se cada vez mais distanciado visualmente da realidade, fenómeno que aprecio. Há um tom, uma profundidade de campo, um modo de filmar e enquadrar próprios, uma assinatura de cada série que não existe e como tal não podemos ver no nosso dia a dia (lembro-me por exemplo de Mad Men). Não sei se quando a fotografia e posteriormente o cinema surgiram, a intenção seria captar a realidade o mais fielmente que fosse possível, julgo que essa fase existiu, mas artisticamente foi rapidamente ultrapassada.
Não procuro, mas surge-me naturalmente, no final do terceiro episódio para mim tudo se tornou evidente — mas mesmo assim, foi interessante porque aqui as opiniões surgiram espontaneamente até ao fim (principalmente da minha filha). Depois há outra questão, parece lateral, mas não é. Eu não me consigo abstrair da cara esticada da Nicole Kidman, daquela boca arruinada e inexpressiva. Uma mulher cheia de plásticas até pode estar perfeitamente enquadrada no argumento e no meio dos super-ricos de Nova Iorque, mas pura e simplesmente não gosto, apesar de ser uma óptima actriz. Já Hugh Grant que nunca apreciei particularmente, gostei de ver. Donald Sutherland, saqueia literalmente todas as cenas em que participa, um actor extraordinário que espero ainda voltar a rever muitas vezes. Criado por David E. Kelley.
☆ ☆ ☆ ½
Quem diria que o xadrez podia ser tão empolgante? Fiquei algo desiludido por ser inteiramente ficção, a certa altura desejamos que Beth Harmon tenha realmente existido. Criado por Scott Frank e Allan Scott.
☆ ☆ ☆ ☆
Nas produções britânicas, fica sempre a sensação que a a realidade ultrapassa em muito a ficção, o que neste caso é inimaginável. Esta série tem cenas de violência inaudita, não é coisa que aconselhe alguém a ver. Criado por Gareth Evans e Matt Flannery.
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A clássica história do “expatriado” da grande cidade que por um motivo ou por outro, vai parar a uma pequena comunidade no meio do nada. Nunca gostei de flashbacks e esta série enferma deles, sendo os do Iraque particularmente sem sentido, servindo somente para os americanos alimentarem o mito do veterano vagamente traumatizado, que serviu o país naquilo que hoje se pode chamar “a guerra que nunca acaba” (desde o Vietname que assim é, para não dizer da Coreia, ou porque não, da Segunda Guerra Mundial). Criado por Sue Tenney.
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Soube há pouco que o disco da banda sonora do Vince Guaraldi Trio é o segundo disco de Jazz mais vendido de sempre (sendo o primeiro o “A Kind of Blue” de Miles Davis). Criado por Charles M. Schulz, realizado por Bill Melendez.
☆ ☆ ☆ ☆ ½
É uma novela, mas vê-se bem e a paisagem é magnífica. Criado por Sue Tenney.
☆ ☆ ☆ ½
Dá para ver com os filhos e para Star Wars, não é mau. Mas depois de revelada a verdadeira natureza deste universo, não há como voltar atrás, nem o tempo, nem eu. Como história e narração é tudo bastante fraco. Criado por Jon Favreau.
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Li na What Hi-fi? para pensar em Deadwood quality… Na minha opinião, sendo Deadwood uma das três melhores séries de todos os tempos, era uma expectativa impossível de preencher. Esta série não tem nem de longe, nem de perto a qualidade de Deadwood e muito menos aquelas personagens visceralmente carismáticas. O casal lésbico para a quota lgbt (de hoje, não do velho Oeste) e os detestados flashbacks não ajudam muito. Mesmo assim, uma boa mini-série, parece um filme de sete ou oito horas. O realizador é Scott Frank, um dos criadores de The Queen’s Gambit.
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A Disney tem o inegável mérito de ter mostrado à saciedade e à sociedade, a completa falta de interesse que tem todo este universo Star Wars, incluindo os seis primeiros filmes. Tiveram a sua época e já acabou há muito. Mas a força da nostalgia é poderosa. Criado por Jon Favreau.
☆ ☆ ☆ ½

Lenú e Lila a ler “Mulherzinhas” de Louisa May Alcott.
Estou a gostar bastante desta série e cada vez mais conforme vai avançando. Alguns personagens não são exactamente o que imaginei ao ler os livros, como por exemplo o pai da Lenú, mas o ambiente, diria que sim. A minha experiência ao ler qualquer livro primeiro é que a versão cinematográfica ou de TV é sempre pior, aqui nem digo isso (muito pelo contrário), mas queixo-me de na verdade já saber a história, designadamente as nuances daquelas personalidade todas que a tornam única. Principalmente de Lila, a amiga genial. Em português “A Amiga Genial”. Criado por Saverio Costanzo.
☆ ☆ ☆ ☆ ½
Criado por Saverio Costanzo.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

—What was he like… at the end?

—Scared.
Oitavo episódio da terceira época de The Sinner.