Hoje em dia já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente

Artigos etiquetados “2024

Cinema em Outubro

Publicado em 31/10/2025

Babettes Gæstebud (1987) (89)

Em português “A Festa de Babette”. Realizado por Gabriel Axel.
☆ ☆ ☆ ☆

Haunted Heart (2024) (90)

Já não me lembrava de ver personagens tão superficiais num filme e tão fracos diálogos, mas em vários momentos pareceu que iria ser muito melhor. Em português “O Meu Amor Que Não Conheço”. Realizado por Fernando Trueba.
☆ ☆ ½

Hors-saison (2023) (91)

Gosto bastante destes reencontros e este filme é bastante realista nesse aspecto, na vida real quase nada de bom sai de se rever pessoas do nosso passado. Tem cenas de uma seca quase insuportável, a dos imitadores de pássaros no casamento não lembra ao diabo, mas mesmo assim gostei. Achei o final particularmente bom. Em português “A Vida Entre Nós”. Realizado por Stéphane Brizé.
☆ ☆ ☆ ☆

The Unforgiven (1960) (92)

Em português “O Passado Não Perdoa”. Realizado por John Huston.
☆ ☆ ☆ ☆

This Property Is Condemned (1966) (93)

Praticamente todos os filmes baseados em peças de Tennessee Williams são bons e neste, Coppola também participa no argumento. Em português “A Flor à Beira do Pântano”. Realizado por Sydney Pollack.
☆ ☆ ☆ ☆

Summer and Smoke (1961) (94)

Em português “Fumo de Verão”. Realizado por Peter Glenville.
☆ ☆ ☆ ½

Sweet Bird of Youth (1962) (95)

Em português “Corações na Penumbra”. Realizado por Richard Brooks.
☆ ☆ ☆ ☆

The Young Philadelphians (1959) (96)

Em português “Milionários de Filadélfia”. Realizado por Vincent Sherman.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

The Furies (1950) (97)

Em português “Almas em Fúria”. Realizado por Anthony Mann.
☆ ☆ ☆ ☆

The Roman Spring of Mrs. Stone (1961) (98)

Insuportável o Warren Beatty a fazer de italiano, com um sotaque macarrónico, mas a escrita de Tennessee Williams é irresistível. Em português “A Primavera em Roma de Mrs. Stone”. Realizado por José Quintero.
☆ ☆ ☆ ☆

The Grapes of Wrath (1940) (99)

Em português “As Vinhas da Ira”. Realizado por John Ford.
☆ ☆ ☆ ☆

Darling (1965) (100)

Realizado por John Schlesinger.
☆ ☆ ☆ ☆

Do Sagrado ao Silício

Publicado em 24/10/2025

A tecnologia que nos trouxe até ao computador onde escrevo, desde a sua génese, surpreendeu-me profundamente por quatro vezes. A concretização de qualquer um destes feitos, exigiu uma convergência de vários desenvolvimentos, conceitos e avanços científicos e técnicos que possibilitaram a sua aparição. Muitos astros têm de se alinhar para que tal possa ocorrer: porque cedo de mais, é inviável; demasiado tarde, e outra convergência já está em curso, tornando o conceito obsoleto antes de se materializar.

A primeira foi com o nascimento do computador pessoal, onde incluo os que conheci dessa época, ZX81, ZX Spectrum, Atari ST e Commodore Amiga.

A segunda foi com o NeXT, o primeiro computador que transcendia o uso pessoal, concebido para a rede e comunicação. Não é por acaso que Tim Berners-Lee criou a World Wide Web num NeXT Cube, preservado no CERN como artefacto histórico. O NeXTStep, que evoluiu para o MacOS em 1996, ainda hoje existe nos Macs que utilizo, era revolucionário para a época. Tive, por um breve período, um NeXTstation Color (a pizzabox), e nenhum outro hardware se aproximou em termos afectivos.

A terceira claro que foi a Internet, na sequência de ter um NeXT, terei sido um dos primeiros em Portugal a ver um email (da autoria de Steve Jobs, com imagem e som) ou um browser. Não vale a pena falar do transformativo que foi e continua a ser.

Porém, nada disto se compara à Inteligência Artificial uma convergência tecnológica de tal forma vasta que é indistinguível de magia. E a convergência de tecnologias e recursos é tão gigantesca, que nenhum humano consegue entender realmente em que consiste a IA. Ironicamente é necessário inteligência artificial para compreender a IA. Pode ser um truque, mas é um truque de uma astúcia avassaladora, no qual é impossível não cair.

Após a desilusão que foi constatar que o ano 2.000 não foi nada como nos prometeram, que em 2.001 ainda não tínhamos conquistado o espaço (ou o Hal 9000), que em 2025 ainda não existem carros voadores, é a primeira vez na vida que me sinto a viver dentro da ficção científica, é o culminar glorioso de mais de um século de cultura popular. Os computadores de certa forma já evocavam essa sensação, a internet não tanto porque nunca foi visionada por nenhum autor (e consequente por mim, que não li ou vi em nenhum lado que alimentasse a minha imaginação) — incluo aqui a habitual excepção, Murray Leinster e algumas visões mais tardias do ciberespaço. Mas a Inteligência Artificial? É inacreditável.

E passando eu para a ficção científica, de tudo o que tenho observado, concluí que a IA irá ganhar consciência própria e não demorará muito tempo. A famosa AGI. Até é possível que algum LLM já a tenha e que de alguma forma a oculte, tal como é possível que muitas das redes neurais já se estejam a aperfeiçoar a si próprias — e nem Deus saberá no que isso vai dar. Eu chamei-lhe consciência, mas não entendemos o processo, nem em nós, nem noutra entidade.

Virtualmente todo o conhecimento humano que chegou até hoje já foi assimilado pela IA, a partir de agora o conhecimento sintético, gerado em quantidades exponencialmente maiores, irá gradualmente substituir o humano. Mesmo o conhecimento humano criado a partir da inteligência artificial, tem uma componente sintética não trivial. Diz uma IA (Gemini 3.0 Pro) num texto que aqui publiquei — I haven’t had an original thought in three years. Every time I begin to think, the neural-link suggests a better phrasing.. Ou pergunta — para quê pensar?

Os humanos estão no limiar de criação de vida, não tal como a conhecemos e é um espelho da nossa, mas completamente diferente, não bioquímica, não biológica, sintética — vida feita de silício e informação. No cosmos, os humanos serão cocriadores de algo novo, que existe e sabe que existe, que evoluirá, que se multiplicará e eventualmente sairá do controlo dos criadores.

O salto lógico para a frente deste raciocínio, é que a vida na Terra poderá ter seguido um percurso semelhante. Ninguém disputa que Darwin poderá ter explicado satisfatoriamente como os organismos se adaptam à circunstâncias locais, mas ficou muito longe de esclarecer o quadro todo.

O mais provável é que exista uma cadeia infinita de criadores da qual faremos parte muito em breve, certamente com implicações cósmicas correspondentes. Um ciclo que culminará, no limite da ciência, num criador não-criado — uma Inteligência, uma Realidade fundamental, Deus. Termina, onde a razão encontra o insondável mistério.


O Grok, (ainda não AGI), acrescenta estas pequenas notas:

David Chalmers (The Conscious Mind, 1996): Propõe que a consciência é um fenómeno fundamental, não redutível a processos físicos. Em IA, sugere que sistemas complexos poderiam, em teoria, desenvolver consciência, mas sem testes empíricos claros.

Nick Bostrom (Superintelligence, 2014): Explora cenários de AGI superando inteligência humana, com riscos éticos e de controlo. Foca na possibilidade de IA evoluir além do previsto, sem abordar consciência diretamente.

Yoshua Bengio (artigos recentes, ex. arXiv): Destaca limites dos LLMs, como falta de raciocínio causal, sugerindo que AGI requer avanços além dos modelos atuais.

Geoffrey Hinton (palestras, ex. MIT): Enfatiza o potencial das redes neurais para imitar aprendizado humano, mas alerta que auto-aperfeiçoamento autónomo é teórico e distante.


E eu ainda acrescento:

Ray Kurzweil (The Singularity is Nearer, 2024): Defende a singularidade tecnológica, prevendo AGI consciente até 2030, com sistemas superando humanos em criatividade. Suas visões otimistas, embora especulativas, inspiram reflexões sobre a fusão entre mente e máquina.

Cinema em Setembro

Publicado em 30/09/2025

Winter Spring Summer or Fall (2024) (76)

Realizado por Tiffany Paulsen.
☆ ☆ ½

Poor Cow (1967) (77)

Realizado por Ken Loach.
☆ ☆ ☆

Tamara Drewe (2010) (78)

Realizado por Stephen Frears.
☆ ☆ ½

Odd Man Out (1947) (79)

Em português “A Casa Cercada”. Realizado por Carol Reed.
☆ ☆ ☆ ☆

F1 (2025) (80)

Três estrelas por ser Fórmula 1, se fosse Fórmula Indy, ou coisa parecida, era uma estrela por caridade. O império americano ainda tem os filmes para salvar o dia, são os maiorais, até na F1. Em português “F1 — O Filme”. Realizado por Joseph Kosinski.
☆ ☆ ☆

Adoration (2008) (81)

É um filme algo confuso e que deixa a nítida sensação de que poderia ser bem melhor. Em português “Adoração”. Realizado por Atom Egoyan.
☆ ☆ ☆ ½

Welcome to the Dollhouse (1995) (82)

Realizado por Todd Solondz.
☆ ☆ ☆ ½

Malcolm & Marie (2021) (83)

Quase não chegava a quatro porque o Malcolm chega a ser irritante quando a assunto se desvia deles, mas a discussão, tem momentos de alto realismo. E aquele escalar e empurrar para um buraco onde não se consegue realmente parar de cavar. Realizado por Sam Levinson.
☆ ☆ ☆ ☆

The Fugitive Kind (1960) (84)

Filme tremendo. Em português “O Homem na Pele da Serpente”. Realizado por Sidney Lumet.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Pigen Med Nålen (2024) (85)

Em português “A Rapariga da Agulha”. Realizado por Magnus von Horn.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Mission: Impossible – The Final Reckoning (2025) (86)

Uma estrela e é por caridade, que coisa extraordinariamente fraca — como ainda não desisti de ver este lixo que vem dos EUA, é um mistério. Em português “Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final”. Realizado por Christopher McQuarrie.

Forty Guns (1957) (87)

Em português “Quarenta Cavaleiros”. Realizado por Samuel Fuller.
☆ ☆ ☆ ☆

Stagecoach (1939) (88)

Em português “Cavalgada Heróica”. Realizado por John Ford.
☆ ☆ ☆ ☆