Em cinema não foi mau, se exceptuarmos o facto de ter visto apenas um no cinema (Bones and All). Não me importo, porque tenho óptimas condições para o meu gosto. O filme que gostei mais… é sempre difícil… mas destaco por exemplo Martha Marcy May Marlene, Decisão de Partir, o meu ciclo Éric Rhomer, Les Salauds, Corpo e Alma, Murina (estes dois de duas realizadoras a seguir de perto Ildikó Enyedi e Antoneta Alamat Kusijanovic), claro que também A Pior Pessoa do Mundo e o meu único cinco estrelas do ano Oslo, 31. August (ambos de Joaquim Trier, que passou a um dos meus realizadores favoritos), 303 e por fim o documentário Echo In the Canyon.
Foi um ano fraco para séries televisivas. Vi muito poucas, vou-me dedicar mais ao assunto para o ano.
Em 2023 não vou fazer a lista de discos que compro, dá demasiado trabalho e não me serve para muito. Que discos destacar… Matthew Halsall & The Gondwana Orchestra, especialmente Into Forever que é mesmo um disco maravilhoso. Todos da Gondwana Records e muito mais, foi um bom ano. Compro menos da Blue Note, designadamente Tone Poets, porque o espaço começa a faltar e o tempo parece cada vez menos. Comprei mais de 200 discos, considerando as caixas e que mais de metade são duplos, são seguramente mais 400 discos para ouvir. Em 2023 quero comprar menos discos, mas estão sempre a aparecer coisas interessantes.
Mesmo assim vou fazer um mini top, não necessariamente de títulos relevantes em 2022, apenas relevantes para mim:
- Doors — L.A. Woman Sessions
- GoGo Penguin – V2.0 Special Edition
- Jenny Hval — Classic Objects
- Matthew Halsall & The Gondwana Orchestra – Into Forever
- Mavis Staples – We’ll Never Turn Back
- Phil France — Circle
- Svaneborg Kardyb — Over Tage
- The Story of Philadelphia International Records
E há alguns que se fosse hoje não teria comprado, Alisson Krauss, Robert Plant — Raise the Roof, Rolling Stones — El Mocambo, Rolling Stones — Licked Live in NYC, Neil Young — After the Gold Rush 50th Anniversary (pelo preço estúpido), Doug Carn, Ali Shaheed Muhammad & Adrian Younge — Jazz Is Dead 5, Jason Isbell and the 400 Unit — Reunions, Kurt Vile – (Watch My Moves), Martin L. Gore — Counterfeit EP, Tim Hecker — The North Water Original Score, Yello — Point, mais uns CDs dos baratos (não é significativo) e pouco mais. Gostava de acertar em todos, mas é pouco provável.
Uma das surpresas negativas foi ter descoberto que não há reedição ou remasterização em vinil que chegue à edição original do país de origem. As master tapes estão novas, o trabalho sendo bem feito, dificilmente voltará a ser igualado 40 ou 50 anos depois, já com a fita a acusar a idade — ou seja, degradada, designadamente nas frequências mais altas e mais baixas — os detalhes que fazem a diferença e enchem de ar uma gravação. Eu achava, até pelo preço dessas reedições, que seriam superiores — mas nem o Thriller de Michael Jackson One-step da Mofi, supera a primeira edição americana. E a mesma Mofi, também esteve envolvida no escândalo dos discos totalmente analógicos que afinal quase sempre foram digitais. E ironicamente essa lebre que os insiders quase de certeza sempre souberam, foi levantada exactamente pelo One-step do Michael Jackson e a quantidade prensada, 40.000. O que teoricamente obrigaria a 40 passagens das master tapes, isto se não existissem erros. Enfim, o mercantilismo americano no seu pior.
Na frente Hi-fi, tudo bem, a aparelhagem deu um salto enorme. Para o ano quero novos cabos de coluna Siltech, a caixa de terra de sinal Entreq, experimentar também da Entreq um kit de terra de sinal de ligação às colunas… e talvez a máquina de limpeza Degritter Mark II. Como já sei o efeito dos dois primeiros, ficava satisfeito só com isso. A ver vamos que crise se vai instalar em 2023…
Saídas, praticamente nenhumas. Fui à Holanda o que foi excepcional (e graças a Deus, excepcionalmente bom) e gostei muito de ter ido ver a Jenny Hval a Espinho.
Acho que li poucos livros, embora tenha lido muito de outras coisas. Não consegui manter o ritmo do ano passado e acabei a ler bastante “não ficção”. Gostei muito do How to Change Your Mind de Michael Polan. Na ficção gostei de All My Friends Are Going to Be Strangers de Larry McMurtry. E ainda estou a ler “Mapas do Sentido” de Jordan Peterson, que é enorme com longas passagens que me interessam e outras tantas que me interessam menos. E foi assim, esta parte que documento do meu ano.