Hoje em dia já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente

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Cinema em Fevereiro

Publicado em 28/02/2022

Anatomy of a Murder (1959) (13)

Gosto imenso destes filmes, mas julguei que ia gostar mais daquilo que julgo ter sido (não me lembro) rever este… Em português “Anatomia de Um Crime”. Realizado por Otto Preminger.
☆ ☆ ☆ ☆

Benedetta (2021) (14)

Paul Verhoeven já está longe dos tempos de Robocop, mas não muito! Realizado por Paul Verhoeven.
☆ ☆ ☆ ½

Une Vie Meilleure (2011) (15)

Este filme é daqueles que dará várias leituras, conforme o espectador, desde a sua experiência, à moral, passando por orientação política, são filtros que poderão dar conclusões diametralmente opostas. Nesse aspecto não é mau, mas por outro lado…
Como é que alguém que começa uma relação ao fim de uma saída para um bar (acho que nem chega ao bar, em bom rigor) e pouco depois um negócio com um indivíduo que não conhece de lado nenhum, poderá alguma vez esperar um resultado diferente? Com um — não —, vários golpes de sorte, talvez, mas embora se possa viver algum tempo da sorte, não se pode viver da sorte o tempo todo. Quem vive assim, se calhar vê oportunidades em todo o lado, sem ter realmente capacidade para sequer perceber se o serão realmente. A relação, até não saiu assim tão mal (sorte), porque o indivíduo acaba a tomar conta do filho de Nadia (Leïla Bekhti) durante largos meses. Porque ela resolve ir para o Canadá, trabalhar… sem visto de residência. Eu infelizmente acho isto extremamente credível. Pouco antes, começar um restaurante sem um euro em seu nome, um empréstimo imobiliário e seis empréstimos pessoais, nem Deus todo poderoso ajudaria, quanto mais a sorte.
Muita gente verá a coitadinha da mãe solitária vinda do Líbano, o pobre do filho, o homem “cheio de garra” que nunca teve verdadeiramente uma oportunidade, contra o capitalismo, o “neoliberalismo”, os malvados dos bancos (a quem mentem descaradamente sobre a sua real situação) e dos agiotas, a conspirarem contra a sua vida melhor.
Mas na verdade, é um conjunto de decisões desastrosas, não pensar bem nos assuntos e julgar que as coisas acontecem de um dia para o outro, quando a maior parte das vezes ou não acontecem de todo, ou demoram uma vida de trabalho árduo que se calhar já só beneficia materialmente os filhos e os vindouros. Um pouco como plantar uma árvore cuja sombra nunca desfrutaremos. A árvore precisa da oportunidade, de um pouco de sorte, mas depois é indiferente, o tempo terá realmente de fazer o seu trabalho. Em português “Uma Vida Melhor”. Realizado por Cédric Kahn.
☆ ☆ ☆ ☆

Dolor y Gloria (2019) (16)

Aqui está algo que é bastante melhor do que a soma das suas partes, durante praticamente todo o tempo julguei que não iria gostar o suficiente, mas depois com o reaparecimento do desenho do pequeno Salvador a ler ao Sol, acabei por gostar bastante — é um bom filme, não tive foi o correspondente prazer de o ver. E para filme aparentemente autobiográfico, temos Antonio Banderas, num magnífico papel, que é uma figura bastante mais agradável que o realizador que é suposto interpretar. Deve ser facilmente um dos melhores filmes de Pedro Almodóvar. Em português “Dor e Glória”. Realizado por Pedro Almodóvar.
☆ ☆ ☆ ☆

Ma Ma (2015) (17)

Não é mau, mas francamente, depois da primeira hora senti sempre que poderia ter apenas uma hora e não se perderia muito. Realizado por Julio Medem.
☆ ☆ ☆

The Southerner (1945) (18)

Em português será um dos nomes mais estúpidos e sem relação que me lembro, “Semente de Ódio”. Estive a verificar a tradução do título noutras paragens e no Brasil “Amor à Terra”, ou França, mais literal “L’Homme du Sud”, quem adivinharia ser o mesmo filme? Realizado por Jean Renoir.
☆ ☆ ☆

Ai (2012) (19)

Este filme é divertido sem deixar de ser algo mais do que meramente superficial, seguindo os altos e baixos de seis personagens, com uma dose de patetice, sonho, bondade e perdão que o torna em cinema que dá gosto ver. Aliás, óptimo cinema da Formosa e da China (passa-se entre Taipé e Pequim, ou Taipei e Beijing como agora se diz). E como atractivo suplementar, nunca tinha visto ninguém atirar-se para dentro de uma fossa séptica por amor. E (spoilers) aparentemente, resulta mesmo. Em inglês “Love”. Realizado por Doze Niu.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Cinema em Janeiro

Publicado em 31/01/2022

Mon Chien Stupide (2019) (1)

Começo o ano como acabei 2021, a ver um filme de Yvan Attal. Não é mau. Em português “O Meu Cão Estúpido”. Realizado por Yvan Attal.
☆ ☆ ☆ ½

Don’t Look Up (2021) (2)

Mais do que uma metáfora sobre o aquecimento global ou qualquer outro problema ambiental real que a humanidade causou e atravessa, é um filme sobre a ignorância voluntária. E mais do que isso é sobre ao que chegaram os Estados Unidos, as suas hordas de ignorantes designadamente na academia e a imparável decadência que se abateu sobre o ocidente. Não é coisa para acabar bem. Há um texto interessante sobre os mitos que alimentam a rejeição da ciência no site Scientific American. Em português “Não Olhem Para Cima”. Realizado por Adam McKay.
☆ ☆ ☆ ☆

Almost Famous (2000) (3)

Nunca tinha visto este filme “quase famoso”, mas ouvi que iam reeditar a banda sonora em vinil e resolvi ver, não esperava gostar tanto. É um filme bem disposto e animador, apesar de algum drama — e ver ainda que fugazmente Philip Seymour Hoffman, é meio filme. Em português “Quase Famosos”. Realizado por Cameron Crowe.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Fête de Famille (2019) (4)

Em português “Festa de Família”. Realizado por Cédric Kahn.
☆ ☆ ☆ ½

Jiao you (2013) (5)

Deve estar aqui uma obra de arte extraordinária, com os seus planos de 10 minutos onde nada acontece, um deles de uns 20 penosos minutos… enfim, uma seca extraordinária, isso sim. Em português “Cães Errantes”. Realizado por Ming-liang Tsai.
☆ ☆

Io Sono l’Amore (2009) (6)

Em português “Eu Sou o Amor”. Realizado por Luca Guadagnino.
☆ ☆ ☆ ☆

303 (2018) (7)

No cinema e hoje em dia na TV, descubro constantemente excelente música, mas às vezes acontece descobrir um filme pela música, que foi o que aconteceu aqui. O nome é super estranho, refere-se ao chassis Mercedes da auto-caravana de Jule (Mala Emde). Gostei muito de acompanhar os dois estudantes universitários numa viagem por estrada de Berlim a Portugal, mais concretamente ao Alentejo, onde se situa a eco-aldeia (à falta de melhor nome) Tamera. Os actores são incrivelmente compatíveis e credíveis, a paisagem é óptima, a música é excelente… o diálogo…, constante, é também muito credível, talvez peque aqui e ali por demasiado didáctico, ou talvez não, tendo em conta que são duas pessoas que se estão a conhecer, falam imenso e desenvolvem uma amizade praticamente a partir das primeiras horas. Entretanto, reparei que daqui fizeram uma mini-série em seis episódios. Realizado por Hans Weingartner.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Echo In the Canyon (2018) (8)

Excelente documentário sobre o autêntico ninho musical que foi o Laurel Canyon em Los Angeles. Música que em grande parte só agora estou a descobrir na sua plenitude, para lá dos sucessos que toda a gente conhece, dos discos dos Beach Boys que tenho ou o eventual dos Byrds. Eu já desconfiava, desde que comecei a descobrir Neil Young e essa trupe, mas grande, grande, música, incrível, esta época é simplesmente irrepetível. Jakob Dylan que também não conhecia e é previsivelmente filho do Bob, tem um excelente ar, toca e canta super bem, grande presença. A banda sonora é de comprar imediatamente. É um documentário feel very good. Realizado por Andrew Slater.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Prisoners (2013) (9)

Em português “Raptadas”. Realizado por Denis Villeneuve.
☆ ☆ ☆ ☆

Sicario (2015) (10)

Vindo de Hollywood, no presente, não há melhor do que Denis Villeneuve. Em português “Sicário – Infiltrado”. Realizado por Denis Villeneuve.
☆ ☆ ☆ ☆ ½

Enemy (2013) (11)

A certa altura julguei estar a levar longe demais o esforço “Denis Villeneuve”, mas acabei por gostar. E no fim, reparei que é baseado na obra “O Homem Duplicado” de um escritor que nunca gostei, designadamente como pessoa (eu sei, devemos separar o artista da sua obra), José Saramago. Realizado por Denis Villeneuve.
☆ ☆ ☆ ☆

Relatos Salvajes (2014) (12)

Além de flashbacks, outra coisa que não gosto é de longas metragens compostas de histórias curtas. Não passam de curtas metragens vistas de uma vez só. Para o género, será do melhorzinho que vi. Em português “Relatos Selvagens”. Realizado por Damián Szifron.
☆ ☆ ☆ ½