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T+A M 40 HV em Modo Bi-amplificação

Publicado em 09/06/2023

Eu sabia que cada um dos monoblocos T+A M 40 HV era constituído por dois amplificadores distintos (além de três fontes de alimentação, entre outras coisas), mas se sabia já não me lembrava — é que também podem ser configurados para alimentarem as colunas em modo de bi-amplificação.
T+A M 40 HV
T+A M 40 HV
Desta vez tive a oportunidade de experimentar os novos Crystal Cable Ultra 2 Diamond para coluna e por si só, fiquei com a sensação que nunca o sistema tocou tão aberto — e não fui só eu. Estava a célula Hana MH instalada e já se notava. Quando se voltou a calibrar a DS Audio DS 003, foi evidente. Estes cabos serão portadores dos melhores agudos já ouvidos aqui e em termos gerais, comecei a ter dúvidas se não serão os melhores cabos que já experimentei. Até agora, os que mereceram essa distinção, embora não uma decisão final, foram os Siltech Crown Prince. Que por sorte, ainda estavam disponíveis para comparar.
Ao ler distraidamente o manual do T+A M 40 HV, vejo a questão da bi-amplificação, que é uma característica praticamente única em equipamentos deste tipo e resolvi experimentar com os Crystal Cable Ultra 2 Diamond para altas frequências e os Kimber Monocle XL para as baixas. Tem de estar em modo High Current que é o que utilizo habitualmente e mudar um pequeno interruptor para bi-amp. Utilizam-se os quatro terminais em cada amplificador, tal como nas colunas, retirando os jumpers. Toca belissimamente. Muito me vou admirar se os Siltech Crown Prince a substituir os Crystal Cable Ultra 2 Diamond tocarem melhor. (Antes substitui os Kimber Monocle XL pelos Siltech Crown Prince e não notei diferença — refiro-me às baixas frequências.)
Escolhi a Sarah Jaroz — Build Me Up From Bones e a música Over the Edge. Seguiu-se Prince — The Truth e as músicas The Truth e Don’t Play Me, depois Dead Can Dance — Spiritchaser e Song of the Stars. Andei para trás e para a frente, liga e desliga e, raios, os Siltech Crown Prince tocam melhor.
Sozinhos os Crystal Cable Ultra 2 Diamond tocam muito bem, mas comparados, tendem para algum brilho excessivo. Os Siltech Crown Prince integram muito melhor os médios e agudos das Raidho TD 3.8, além disso, francamente também parece que vão buscar ainda mais detalhe. Pronto, já preciso de um gin…
Roku Gin
Entretanto o tempo foi passando e continuei na mesma configuração bi-amp, Kimber Monocle XL para as baixas frequências, Siltech Crown Prince para as frequências médias e altas. Toca super. Fui escolhendo discos que já não ouvia há uns tempos e é uma diferença abissal. Alguns marcantes mesmo, como Marlon Williams — Make Way For Love, a música I Know a Jeweller, incrível.
Comprei mais uma série de discos e ouvi-los no “novo sistema” foi uma experiência.

  • Steely Dan — Countdown To Ecstasy 45RPM UHQR
  • The Doors — The Doors 45RPM
  • Vieux Farka Touré et Khruangbin – Ali
  • Herbie Hancock – Empyrean Isles
  • Altın Gün – On

O Ultra High Quality Record dos Steely Dan, passou a ser com a maior das facilidades um dos melhores discos que tenho. Já tinha de alguma forma decidido que não ia comprar mais nenhum UHQR devido ao preço inacreditável (passa os 200,00€), mas de facto são discos que estão uns furos acima de todos os outros. As edições normais da Analogue Productions, designadamente The Doors 45RPM, também costumam ser extremamente boas e apesar de tudo mais acessíveis.
Agora estou à espera para estar disponível o seguinte equipamento para experimentar nesta configuração e praticamente fica decidida a questão dos cabos de coluna. Mantenho os Kimber Monocle XL e adiciono os extraordinários Siltech Crown Prince:

  • Entreq Olympus Infinity T
  • Entreq Eartha Olympus Infinity (cabo)
  • Entreq Peak 4

Se a Entreq fizer o que já fez anteriormente, vou ficar satisfeito.

E fez, mais até de forma nada subtil, é algo imediatamente notório. A Entreq silencia o ruído que persiste, trazendo todo o detalhe para a frente, extrapolando a dinâmica, abrindo ainda mais a música que verdadeiramente dança no palco. As vozes ficam lindas, com uma presença fantasmagórica. Ouvi tudo o que pude e me lembrei, os suspeitos do costume e outros, Moby — Reprise, as músicas Extreme Ways, Heroes e Lonely Night; Tindersticks — The Waiting Room, Lucinda, We Are Dreamers e Were We Once Lovers?; Prince — The Truth, The Truth e Don’t Play Me; Cleo Sol — Rose in the Dark, One Love e Why Dont You… Johnny Cash é uma coisa louca, FKA Twigs, Stan Getz e João Gilberto, Max Richter e muitos mais, variei, tentei diversos estilos não há nada que toque mal. Ouvi música até ser de dia. Em algumas destas músicas, por exemplo Heroes, ou Lucinda, dei por mim a engolir em seco entre o pasmado e emocionado. Na Heroes, só um defeito no disco me acordou do transe emocional para que me deixei arrastar. O mais chocante é um disco como Cowboy Junkies — The Trinity Session, do qual tenho quatro versões incluindo a prensagem original inglesa. Ouvir a versão da Analogue Productions neste sistema, é voltar a descobrir (outra vez).

Siltech Crown Prince + Kimber Monocle XL
Eu nunca imaginei que um dia ouvira assim a música, com esta nitidez objectiva e carga emocional subjectiva. Quando entrei pela primeira vez na Ultimate Audio para comprar um Technics SL-1200G, pensava lá em ter um SL-1000R e o resto. Era detentor de um cepticismo ignorante relativamente (claro) aos cabos, mas também ao “tocar bem”. Eu achava que a partir de um determinado preço (ridículo em face do que tenho hoje) tudo tem obrigação de tocar bem — que em si próprio foi um conceito que mudou para mim e evoluiu até um nível que eu nem julgava possível. E toca super-bem, mas as diversas combinações e detalhes fazem toda a diferença. E a sala, qualquer sala, é metade da festa — para o pior (mais comum) ou para o melhor.
O que mais me tem surpreendido é a questão dos cabos, a diferença que fazem em diferentes sistemas. O mesmo cabo não serve todos os equipamentos da mesma forma, é preciso ouvir — um caso notório aqui foi eu ter cabos Esprit Audio em todas as interligações e não me terem servido para ligação às colunas, para o tipo de som que procuro. Também reparei que todos têm tendência a tocar melhor quanto mais caros são, é uma maçada. Ainda há pouco vi na Stereophile uma aparelhagem de um milhão de dólares em que 330.000 eram de cabos Crystal Cable.
Do que eu nem sequer sabia que existia, destaco claro a regeneração de corrente Torus Power, é uma diferença imediata, mal aqui entrou já não saiu. E agora as caixas de terra de sinal da Entreq, são detalhes entre o muito bom e o mesmo muito bom. Sinceramente, ainda tive esperança que não fizesse diferença nenhuma e ligado com dois cabos, não fez. Ligado apenas ao SoulNote E-2, quer dizer, é impossível. Descobrir este mundo tem-me dado imenso prazer, sem ser exaustivo nem obcecado, é uma coisa que eu gosto. Mas às vez é desconcertante, no caso da Entreq, afinal o que é que eu estava a ouvir antes? Não sei, mas soava bem. Ficou melhor.

E agora vou ouvir Matthew Halsall — Salute to the Sun, espero grande sonido. Ele vai começar uma série de concertos na Europa, pode ser que passe pelo nosso país, é um músico incrível e a sua editora Gondwana Records, a minha grande descoberta dos últimos anos. É de comprar praticamente todos os discos.

Kimber Monocle XL Vs. CrystalSpeak Piccolo Diamond

Publicado em 29/07/2022

Crystal Cable

A diferença entre estes dois cabos é quase anedótica, uma espécie de yin e yang dos cabos de coluna. A Ultimate Audio emprestou-me os Crystal Cable para testar.
Surpreendentemente, no meu sistema, pareceram-me exactamente iguais. Talvez um nadinha mais de detalhe para o Kimber e é tudo, mas ainda vou ouvir mais vezes.
E ouvi, não é menos um nadinha de detalhe, é de recorte. De alguma forma não acho os intérpretes e músicos tão bem localizados no palco, algo mudou. E depois de alguma consideração, já sei o que é, os cabos Crystal trouxeram o palco mais para a frente o que o tornou mais profundo — e eu não me queixava minimamente de profundidade. Mas é à custa de algum recorte e localização no espaço.
A minha conclusão é que os Crystal Cable com os seus 1,8mm, não ficam atrás dos 28,60mm dos Kimber, mas o som que resulta apesar de muito parecido, tem diferenças o que não sendo melhor ou pior, são uma questão de preferência.

Links de interesse

Ultimate Audio
Kimber Monocle XL
Crystal Cable Picollo Diamond

T+A M 40 HV

Publicado em 22/12/2021

T+A M 40 HV T+A M 40 HV

E acabei o ano a trocar o amplificador T+A A 3000 HV e a fonte de alimentação T+A PS 3000 HV por dois monoblocos T+A M 40 HV. Não me vou debruçar sobre questões técnicas, cada um pesa 52Kg e tem dois amplificadores que trabalham em conjunto, o andar de entrada é a válvulas e de saída (potência) é de estado sólido. Estão indicados 550W sobre colunas de 8 ohms e têm dois modos de funcionamento, High Power e High Current. Eu tenho no modo High Current que basicamente é classe A pura até 60W o que é mais do que suficiente, a música mesmo a elevado volume acaba por se passar toda entre 1W e 10W.
Não sei, talvez me tenham feito uma proposta que eu não pude recusar… Intrigava-me o que ainda poderia melhorar na minha sala com notórios limites e agora intriga-me onde acaba. Parece-me que se continuar a atirar dinheiro para cima da aparelhagem, não há limite para nada, para a sala, para os meus ouvidos, para os próprios discos… Como é possível que os discos ainda tenham tanto por revelar nesta altura? Não entendo. Já entendi que as colunas Raidho TD 3.8 devoram tudo que lhes dê e quanto melhor for, melhor tocam, se têm limite ainda está longe. Mas todo o conjunto, francamente, não esperava que tocasse tão acima do que já tocava incrivelmente bem. É completamente diferente.
Não sendo solução para todos os discos (que não existe), agora a presença dos interpretes é surreal — estou a ouvir Soul Journey de Gillian Welch e a palavra é mesmo essa. Os graves, sempre um potencial problema, ainda mais profundos mas também mais seguros e controlados. O conjunto é mais uniforme o que parece contraditório com ainda mais precisão, ainda mais separação, que é em muitas instâncias verdadeiramente inacreditável e no entanto, tudo soa mais natural. Já cá veio um amigo relativamente habitual e mal pousei a agulha a primeira vez, disse que se ouve uma diferença brutal para a última vez (no caso dele ainda sem o Technics SL-1000 R e estes T+A M 40 HV). Diz ele que a diferença entre uma muito boa aparelhagem e o high-end é o que agora se ouve aqui, a sensação de estar na mesma sala com os músicos e os cantores. Estou mesmo satisfeito.

A Tocar

Publicado em 19/12/2021

Já tinha escrito que tem sido um objectivo, ter o melhor som possível e divertir-me, pasmar-me, alegrar-me, entristecer-me e emocionar-me a ouvir música. E tenho conseguido. Acho que vou actualizar este texto no fim de cada ano se existir algo de novo.
A grande alteração aqui são os monoblocos T+A M 40 HV, duas peças com um design industrial incrível e um som a condizer. São uma edição de 40º. aniversário da T+A, que diz “One thing we have learned in our forty-year history is that the world of electro-acoustics does not permit a single perfect solution to all requirements; instead every overall design philosophy offers its own strengths and weaknesses.” — uma grande verdade que, por vezes à minha custa, já aprendi. O andar de entrada destes monoblocos é a válvulas, um som que cada vez gosto mais. Sinto falta dos vuímetros do T+A A 3000 HV e PS 3000 HV, mas paciência, nunca se pode ter tudo.
Como no texto anterior referi American III: Solitary Man de Johnny Cash, resolvi colocá-lo a rodar outra vez e claro, quando se pensa que já se atingiu o limite, os discos pretos ainda dão mais. E continuam a dar. É uma qualidade impossível.
No próximo ano vou-me dedicar aos cabos, incluindo talvez passar as colunas para bi-cablagem. Quero substituir todos os cabos de corrente Oyaide que não gosto por serem tão rígidos que não têm flexibilidade nenhuma. Não espero grande coisa em relação ao som, mas tudo conta! Vou apostar na Esprit — “l’emotion française” —, do que já experimentei e tenho, gosto muito, qualidade irrepreensível.
E o principal objectivo é um leitor de CD, que pode ser o multiformato T+A MP 3100 HV ou outro do mesmo calibre, não faço questão que seja T+A, faço questão que toque o melhor possível — pode ser Soul Note ou Luxman, ou outro. Se calhar gostava era do T+A SDV 3100 HV que substituiria o T+A P 3000 HV e resolveria tudo o que fosse digital. Teria depois de juntar o transporte T+A PDT 3100 HV, um caso a pensar.

A tocar actualmente:

  • Gira-discos Technics SL-1000R
  • Shell DS Audio HS-001
  • Célula DS Audio DS 003
  • Turntable-sheet BR-12 Oyaide
  • Pré-amplificador Phono Soulnote E-2
  • Cabo XLR Chord Reference
  • Pré-amplificador T+A P 3000 HV
  • Cabo XLR Esprit Audio Eterna
  • Amplificador Mono T+A M 40 HV (x2)
  • Cabo de coluna Kimber Monocle XL
  • Colunas Raidho TD 3.8

+

  • Regenerador de corrente Torus Power RM 16 CE
  • Cabos de corrente Oyaide e T+A (vários)
  • Máquina de limpar vinil Pro-ject VC-S2 Alu
  • Clamp Pro-ject ‘Record Puck’